segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Cada passo, uma escolha

Algumas pessoas, em geral os jovens, pensam que ter um filho não tem nada de mais. Estão errados... Dar a luz é sempre maravilhoso, um passo muito grande para se dar. É o jeito que Deus mostra que o mundo deve continuar.
Nunca pensei que fosse acontecer comigo. Sempre ouvi dizerem que fazer sexo faz parte de nossas vidas. Revistas, filmes e programas de TV dizem o mesmo. Mas o mundo mente para nós. Sexo é uma grande responsabilidade, uma parte em que nos, adolescentes, ainda não estamos prontos.
Quando descobri que estava grávida, muitas vezes pensava que nada fazia sentido em minha vida. Não estava preparada para ter uma criança, pois ainda sou uma. Quanto mais o tempo passava, mais eu me sentia sozinha, arrependida e com medo. Sentia-me perdida e solitária o tempo todo.
Estava quase no quarto mês de gestação e eu tinha que encontrar algum modo de contar ao garoto que se dizia estar louco de amor por mim que ele seria pai, mas ele agora estava sumido e nem se quer atendia aos meus telefonemas.
Na escola, estava cada vez mais difícil esconder a barriga. Não conseguia mais prestar atenção nas matérias. Ficava pensando no rumo que minha vida havia tomado e as mudanças necessárias. Sairia da escola, arrumaria um emprego... E aí percebi que não se tratava do que era melhor para mim, mas, sim, para o meu filho.
Quando finalmente tomei coragem e me dirigia ao quarto de minha mãe para contar que em breve ela teria um neto... Despertei! Nem eu sabia, mas havia acordado de um longo sonho. Levanto e decido dizer a minha mãe o quanto eu a amo e sou grata por me dar conselhos.
É como se eu vivesse de novo, como se o sonho fosse um aviso de que temos que pensar muito antes de agir. Um alerta de que eu devo aproveitar segundo a segundo a minha vida com muito brilho e valor.

Daine Fritz

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sábado com a Vizinha

Era um sábado igual aos outros, as crianças brincavam na rua e suas mães iam ao mercado. Era um dia perfeito, sem trabalhar, sem acordar cedo, e era quente, seco, com sol, sem nuvens, sem chuva.
- Olá, Terezinha! – gritava a vizinha.
- Olá, Patrícia! – gritava eu de volta.
- Que dia, sol, calor, está perfeito! – cantarolava dona Patrícia, enquanto estendia a roupa.
Eu, caminhando como sempre, lenta, ia ao mercado para comprar minhas saladas. Saia de casa de vestido, sandália, chapinha e nariz empinado. O dia estava lindo: vamos acompanhá-lo. Não precisava de guarda-chuva, ele que descansasse, o coitado já estava fino de tanta tempestade.
No mercado, parecia invenção, as frutas estavam ótimas, tinha quantidade de limão, sai de lá cheia, com dez sacolas na mão.
- Terezinha, Terezinha!?– era Patrícia, a vizinha enjoadinha – Quer esperar, estou indo para casa, não quer me acompanhar?
“ Querer eu não quero, mas adianta negar? O dia esta lindo mesmo, não vou me estressar.”
E assim ela caminhou ao meu lado, sem parar de falar, parecia uma metralhadora,Deus, que mulher linguaruda. Falou do marido, dos três filhos, da Solange, da sogra, da nora, do jardineiro, do seu Aquiles, da Marina, da Luíza, Eduarda, Maria, Sandra, Dudu...Me perdi.
O caminho foi horrível, a Patrícia era igual a narrador, falava rápido, sem respirar, sem pausa, e como ela falava. Acho que falava dormindo, pelas orelhas, comendo, bebendo. Já estava soltando fogo pelas ventas, queria afogar a mulher, se um raio caísse, que fosse na cabeça dela. E o raio caiu.
- Deus não, chuva não, Terezinha vai chover, aí não, SOCORRO, meu cabelo, meu babyliss, NÃO, NÃO, NÃO!
E eu ria, a tagarela estava em pânico, mas água que é bom, nada. Eu queria ver ela molhada, igual a gato escaldado, mas a chuva não vinha.
Nós estávamos passando pela casa do seu Vando, ele estava lavando o carro, com a mangueira, com água. Água? Hum, que tal?
Eu peguei a mangueira e dei um banho na mulher da boca, ela ficou ensopada, e eu? Só na gargalhada.
- Opa, chuva inesperada!


Lenara de Oliveira