segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sábado com a Vizinha

Era um sábado igual aos outros, as crianças brincavam na rua e suas mães iam ao mercado. Era um dia perfeito, sem trabalhar, sem acordar cedo, e era quente, seco, com sol, sem nuvens, sem chuva.
- Olá, Terezinha! – gritava a vizinha.
- Olá, Patrícia! – gritava eu de volta.
- Que dia, sol, calor, está perfeito! – cantarolava dona Patrícia, enquanto estendia a roupa.
Eu, caminhando como sempre, lenta, ia ao mercado para comprar minhas saladas. Saia de casa de vestido, sandália, chapinha e nariz empinado. O dia estava lindo: vamos acompanhá-lo. Não precisava de guarda-chuva, ele que descansasse, o coitado já estava fino de tanta tempestade.
No mercado, parecia invenção, as frutas estavam ótimas, tinha quantidade de limão, sai de lá cheia, com dez sacolas na mão.
- Terezinha, Terezinha!?– era Patrícia, a vizinha enjoadinha – Quer esperar, estou indo para casa, não quer me acompanhar?
“ Querer eu não quero, mas adianta negar? O dia esta lindo mesmo, não vou me estressar.”
E assim ela caminhou ao meu lado, sem parar de falar, parecia uma metralhadora,Deus, que mulher linguaruda. Falou do marido, dos três filhos, da Solange, da sogra, da nora, do jardineiro, do seu Aquiles, da Marina, da Luíza, Eduarda, Maria, Sandra, Dudu...Me perdi.
O caminho foi horrível, a Patrícia era igual a narrador, falava rápido, sem respirar, sem pausa, e como ela falava. Acho que falava dormindo, pelas orelhas, comendo, bebendo. Já estava soltando fogo pelas ventas, queria afogar a mulher, se um raio caísse, que fosse na cabeça dela. E o raio caiu.
- Deus não, chuva não, Terezinha vai chover, aí não, SOCORRO, meu cabelo, meu babyliss, NÃO, NÃO, NÃO!
E eu ria, a tagarela estava em pânico, mas água que é bom, nada. Eu queria ver ela molhada, igual a gato escaldado, mas a chuva não vinha.
Nós estávamos passando pela casa do seu Vando, ele estava lavando o carro, com a mangueira, com água. Água? Hum, que tal?
Eu peguei a mangueira e dei um banho na mulher da boca, ela ficou ensopada, e eu? Só na gargalhada.
- Opa, chuva inesperada!


Lenara de Oliveira

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