quarta-feira, 20 de abril de 2011

Desejo de leveza

Eu sou esquisito. Pelo menos falam que sou esquisito. Quando chego em lugares públicos, as pessoas me olham e "fogem" de mim, pelo simples fato de eu ver espíritos de pessoas que já deixaram esse mundo, Para mim isso é normal.
A primeira vez que me senti nessa situação, meu sangue ferveu, minha cabeça entrou em colapso, e me vi de relance no espelho, percebi que estava pálido. Soube que não era uma pessoa física, quando ela atravessou a parede. Decidi, por um impulso, segui-la.
Quando a encontrei, me senti mais leve e à vontade para conversar com ela. Batemos um longo papo, conte sobre minha vida, e ela me contou sobre sua... morte. Quando percebi, já estava amanhecendo e ela tinha que ir embora.
Perguntei se ia vê-la novamente, mas não deu tempo dela me responder... Passaram-se três dias até poder vê-la novamente, agora ela estava acompanhada por um amigo. Conversamos novamente, agora, sem nenhuma vergonha, como se fossemos amigos a muito tempo...
Na terceira vez que nos vimos, perguntei se ela não poderia viver comigo, sussurrou-me que só poderíamos viver juntos se eu morresse. Fiquei pasmo com a revelação, e disse que iria pensar na proposta.
Fiquei uma semana pensando na tal pergunta, que insistia em não sair de minha cabeça. Chegando o dia de dar minha resposta, me decidi... Eu realmente iria aceitar, virar um fantasma, se fosse para passar a eternidade ao lado dela.
Quando ela apareceu novamente para mim, veio direto ao ponto e disse que minha resposta era sim, e então ela começou a transformação, cai no chão desmaiado.
De repente, acordei e, num pulo, levantei assustado de minha cama. Gelado, percebi que tudo não passou de um sonho , mas, para minha surpresa, comecei realmente a ver espíritos onde quer que eu vá, fui considerado louco, e internaram-me neste hospício, de onde escrevo minhas memórias.

Maira Malfatti

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